sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Archer e suas placas úmidas

Archer e suas placas úmidas


A dificuldade em usar o vidro como base do negativo era a de se encontrar algo que contivesse, numa massa uniforme, os sais de prata sensíveis à luz, para que não se dissolvessem durante a revelação.Abel Niépce de Saint-Victor, primo de Nicéphore Niépce, descobriu em 1847 que a clara do ovo, ou a albumina, era uma solução adequada no caso de iodeto de prata. Uma placa de vidro era coberta com clara de ovo, sensibilizada com iodeto de potássio, submetida a uma solução ácida de nitrato de prata, revelada com ácido gálico e finalmente fixada no tiossulfato de sódio.O método da albumina proporcionava uma grande precisão de detalhes mas requeria uma exposição de 15 minutos aproximadamente. Sua preparação era bastante complexa e as placas podiam ser guardadas durante 15 dias.O ano de 1851 foi muito significativo para a fotografia. Na França, morreu Daguerre. Na Grã-Bretanha, como fruto da Revolução Industrial, foi organizada a "Grande Exposição", apresentando os últimos modelos produzidos.Um invento que em pouco tempo chegou a suplantar todos os métodos existentes foi o processo do COLÓDIO ÚMIDO, de Frederick Scott Archer, publicado no "The Chemist" em seu número de março. Esse obscuro escultor londrino, com grande interesse pela fotografia, não estava satisfeito com a qualidade da imagem, deteriorada pela textura fibrosa dos papéis negativos, e sugeriu uma mistura de algodão de pólvora e éter, chamada colódio, como um meio de unir os sais de prata nas placas de vidro. O processo consistia em:
Espalhar cuidadosamente o colódio com iodeto de potássio sobre o vidro, escorrendo até formar uma superfície uniforme.
No quarto escuro, com luz alaranjada, a placa era submetida a um banho de nitrato de prata.
A placa era exposta na câmara escura ainda úmida, porque a sensibilidade diminuía rapidamente à medida que o colódio secava. O tempo médio de exposição ao sol era de 30 segundos.
Antes que o éter, que se evaporava rapidamente, secasse, tornando-se impermeável, revelava-se com ácido pirogálico ou com sulfato ferroso.
A fixagem era feita com tiossulfato de sódio ou com cianeto de potássio (venenoso), e finalmente lavava-se bem o negativo. O colódio, além de muito transparente, permitia uma concentração de sais de prata, fazendo com que as placas fossem 10 vezes mais sensíveis que as de albumina. Seu único inconveniente era a necessidade de sensibilizar, expor e revelar a chapa num curto espaço de tempo. Como Archer não teve interesse em patentear seu processo, morrendo na miséria e quase desconhecido, os fotógrafos ingleses podiam pela primeira vez praticar a fotografia.Talbot, acreditando que sua patente cobria o processo colódio, levou ao tribunal um fotógrafo que utilizava a placa úmida em Oxford Street. O juiz pôs em dúvida o direito de Talbot de reclamar da invenção do colódio e os jurados decidiram que esta não infringia sua patente. Então a fotografia estava livre, pois além disso a patente de Daguerre havia expirado em 1853. A fotografia agora tinha condições de crescer em popularidade e a quantidade de aplicações do colódio cresceu durante 30 anos. O número de retratistas aumentou consideravelmente, pessoas de todas as classes sociais desejavam retratos e se estendeu o uso de uma adaptação barata do processo colódio chamada AMBROTIPO.

As variações do colódio: o ambrótipo e o ferrótipo

A variante Ambrotipia, elaborada por Archer com a coloração de Peter Wickens Fry, consistia em um positivo direto obtido com a chapa de colódio. Branqueava-se um negativo de colódio sub-exposto, escurecia-se o dorso com um tecido preto ou um verniz escuro, dando assim a impressão de um positivo. Quando um negativo é colocado sobre um fundo escuro com o lado da emulsão para cima, surge uma imagem positiva graças à grande reflexão de luz da prata metálica. Dessa maneira o negativo não podia mais ser copiado, mas representava uma economia de tempo e dinheiro, pois se eliminava as etapas de obtenção da cópia. O nome Ambrótipo foi sugerido por Marcos A. Root, um daguerrotipista da Filadélfia, sendo também usado este nome na Inglaterra. Na Europa era geralmente chamado Melainotipo. Os retratos pequenos, feitos através deste processo, foram muito difundidos nos anos cinqüenta até serem superados pela moda das fotografias tipo "carte-de-visite".Outra variação do processo colódio, o chamado Ferrótipo, ou Tintipo, produzia uma fotografia acabada em menos tempo que o Ambrótipo. Há divergências entre autores quanto ao criador do processo; para uns, o Ferrótipo foi elaborado por Adolphe Alexandre Martin, um mestre francês, em 1853. Para outros, foi Hanníbal L. Smith, um professor de química da universidade de Kenyon, quem introduziu o processo. Este processo era constituído por um negativo de chapa úmida de colódio com um fundo escuro para a formação do positivo. Mas, ao invés de usar verniz ou um pano escuro, era utilizada uma folha de metal esmaltada de preto ou marrom escuro, como suporte do colódio. O baixo custo era devido aos materiais empregados e sua rapidez decorria das novas soluções de processamento químico.O Ferrótipo desfrutou de grande popularidade entre os fotógrafos nos Estados Unidos a partir de 1860, quando começaram a aparecer os especialistas fazendo fotos de crianças em praças públicas, famílias em piqueniques e recém casados em porta de igrejas.O inconveniente de todos os processos por colódio era a utilização obrigatória de placas ainda úmidas. Idealizou-se várias maneiras de conservar o colódio em estado pegajoso e sensível durante dias e semanas, de forma que toda manipulação química pudesse ser realizada no laboratório do fotógrafo em sua casa, mas logo apareceu um processo "seco" que substituiu rapidamente o colódio: a gelatina.

http://wwwbr.kodak.com/BR/pt/consumer/fotografia_digital_classica/para_uma_boa_foto/historia_fotografia/historia_da_fotografia07.shtml?primeiro=1

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